Um novo eu diante de ti
Faz de mim algo que não quero
Faz de meus sonhos meus defeitos
Contagia com teu desafeto o que em mim houve de melhor
E já não há
Traga de dentro de ti algo novo para mim
Uma nova vida
Um novo nome
Pois nada do que existiu um dia serve mais
Escrevo sem rimas e métrica
Sem coerência
Só para confundir
Dizer que te vi chorando novamente
Com essa simples sentença
Seria muito pouco
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Alívio da alma
Sempre acontece. Você se depara com um momento em que a resposta certa não vem à cabeça, falta o "insight", e só muito tempo depois pensa no que poderia ter dito.
Aí então, fica se remoendo, porque aquele momento não vai acontecer novamente e você nunca mais irá falar o que gostaria de ter dito naquela hora.
E isso vai te consumindo; você fica triste com a sua falta de capacidade, se sente derrotado, como se tivesse perdido uma guerra para sempre e assinado um termo de comprovação da sua incapacidade de raciocínio ou de fragilidade moral.
Na verdade, todo esse sentimento remoído é justificável: a satisfação de dar a resposta certa, na hora certa, para a pessoa certa e com a intensidade certa, é plena.
Simplesmente assim, plena. Resumidamente plena.
Pode-se comparar com a satisfação de marcar um gol para a seleção em final de copa do mundo. Ou com a sensação de orgasmos múltiplos, sincronizado com seu parceiro, que é o amor da sua vida desde a sua primeira infância. É a adrenalina gritando dentro de você: "mandou beeeeeem!".
E quando você perde a chance de ter este momento de êxtase, é com certeza frustrante. Ou pior que isso, é uma perda inestimável para toda a sua existência.
Isso já aconteceu muito comigo. Principalmente por ter uma linha de raciocínio sarcástica, beirando a crueldade, tenho medo de magoar as pessoas. E também, é claro, porque falta agilidade na resposta mesmo.
Mas hoje... só hoje... a inspiração surgiu... a coragem também... e eu vou dormir muito mais em paz!
E depois, vou contar para todo mundo, afinal, não é sempre que isso acontece!
Aí então, fica se remoendo, porque aquele momento não vai acontecer novamente e você nunca mais irá falar o que gostaria de ter dito naquela hora.
E isso vai te consumindo; você fica triste com a sua falta de capacidade, se sente derrotado, como se tivesse perdido uma guerra para sempre e assinado um termo de comprovação da sua incapacidade de raciocínio ou de fragilidade moral.
Na verdade, todo esse sentimento remoído é justificável: a satisfação de dar a resposta certa, na hora certa, para a pessoa certa e com a intensidade certa, é plena.
Simplesmente assim, plena. Resumidamente plena.
Pode-se comparar com a satisfação de marcar um gol para a seleção em final de copa do mundo. Ou com a sensação de orgasmos múltiplos, sincronizado com seu parceiro, que é o amor da sua vida desde a sua primeira infância. É a adrenalina gritando dentro de você: "mandou beeeeeem!".
E quando você perde a chance de ter este momento de êxtase, é com certeza frustrante. Ou pior que isso, é uma perda inestimável para toda a sua existência.
Isso já aconteceu muito comigo. Principalmente por ter uma linha de raciocínio sarcástica, beirando a crueldade, tenho medo de magoar as pessoas. E também, é claro, porque falta agilidade na resposta mesmo.
Mas hoje... só hoje... a inspiração surgiu... a coragem também... e eu vou dormir muito mais em paz!
E depois, vou contar para todo mundo, afinal, não é sempre que isso acontece!
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Sexta-feira
Ele estava na cidade. A mensagem no meu celular dizia exatamente o lugar em que estaria hospedado por todo o final de semana. E me convidava para ir vê-lo.
Não poderia fazer isso. Meu noivo me esperava em casa assim que saísse do trabalho. No entanto, a curiosidade e a surpresa me diziam que eu deveria responder à mensagem... dizer um "oi" pelo menos.
Melhor não. Assim iria prolongar a idéia de que eu talvez sentisse saudades dele.
- E não sinto?
Perguntar a si mesmo é a plena confirmação da dúvida.
- Sim, eu sinto!
- Mas por que eu arriscaria algo tão imaculável como o relacionamento sólido que mantenho à tanto tempo?
"Imaculável, sólido..." acho que nunca havia definido tão docemente esta relação morna que eu levo...
- Amo meu noivo. Jamais o magoaria assim. Sei que se eu fosse ao hotel, ele morreria por dentro.
Outra mensagem. Dizia que sentia muitas saudades de mim e que não voltaria mais para a cidade por um bom tempo.
- Talvez dizer um "oi" pessoalmente não seja assim tão ruim. Afinal, ele não virá mais aqui por um "bom tempo" - como ele disse.
- Talvez eu possa sair mais cedo do trabalho, passar lá, tomar um café e voltar à tempo para casa, sem que ninguém saiba de nada.
Esta conversa comigo mesma já estava ficando muito longa. No fundo eu sabia que era errado e que um café viraria um drink e um drink viraria um drink no quarto... Enfim, eu sabia que não iria lá.
O celular anunciou mais uma mensagem.
- Caramba! Eu nem respondi a primeira ainda... Será que ele sabe que eu estou em dúvida e está tentando me convencer?
Nesta, ele apenas digitou o refrão de uma música que sabia que eu gostava.
Ele me conhece bem.
Mas mesmo assim, não iria. Não era isso que me faria ir até ele. Não mesmo!
- E outra: à esta hora, meu noivo já está encomendando um jantar especial para nós. Sushi, pizza ou comida chinesa... Como toda sexta-feira...
Neste momento, enquanto eu olhava fixamente para a mensagem, o celular tocou. Eu levei um susto e acabei por derrubá-lo no chão. Ele caiu aberto, já atendendo a ligação, sem que eu visse quem era.
- Alô! - digo com a voz meio trêmula, como se o coração estivesse na garganta.
- Oi vida! Tudo bem?
Meu noivo.
- Tudo e você?
- Estou bem! Só estou ligando para avisar que não vou voltar cedo para casa hoje. Marquei de ir num bar, fazer um happy hour com os amigos do trabalho.
- E-Está bem...
- Tudo bem mesmo? Então tá bom! Beijos! Amo você!
Eu também o amo. Tinha acabado de pensar nisso, inclusive. Mas de repente, tudo mudou. Não que eu me importe que ele saia com os amigos. Mas enquanto isso, eu iria para casa, passar a noite sozinha...
Pensei sobre isso a tarde toda. Mas não respondi às mensagens, nem recebi mais nenhuma.
Acabou o expediente. Entrei no carro. Respirei fundo. Saí do prédio. Andei pelo centro. O coração saltava dentro do peito. Parei na frente do hotel...
"Estou aqui", enviar.
Não poderia fazer isso. Meu noivo me esperava em casa assim que saísse do trabalho. No entanto, a curiosidade e a surpresa me diziam que eu deveria responder à mensagem... dizer um "oi" pelo menos.
Melhor não. Assim iria prolongar a idéia de que eu talvez sentisse saudades dele.
- E não sinto?
Perguntar a si mesmo é a plena confirmação da dúvida.
- Sim, eu sinto!
- Mas por que eu arriscaria algo tão imaculável como o relacionamento sólido que mantenho à tanto tempo?
"Imaculável, sólido..." acho que nunca havia definido tão docemente esta relação morna que eu levo...
- Amo meu noivo. Jamais o magoaria assim. Sei que se eu fosse ao hotel, ele morreria por dentro.
Outra mensagem. Dizia que sentia muitas saudades de mim e que não voltaria mais para a cidade por um bom tempo.
- Talvez dizer um "oi" pessoalmente não seja assim tão ruim. Afinal, ele não virá mais aqui por um "bom tempo" - como ele disse.
- Talvez eu possa sair mais cedo do trabalho, passar lá, tomar um café e voltar à tempo para casa, sem que ninguém saiba de nada.
Esta conversa comigo mesma já estava ficando muito longa. No fundo eu sabia que era errado e que um café viraria um drink e um drink viraria um drink no quarto... Enfim, eu sabia que não iria lá.
O celular anunciou mais uma mensagem.
- Caramba! Eu nem respondi a primeira ainda... Será que ele sabe que eu estou em dúvida e está tentando me convencer?
Nesta, ele apenas digitou o refrão de uma música que sabia que eu gostava.
Ele me conhece bem.
Mas mesmo assim, não iria. Não era isso que me faria ir até ele. Não mesmo!
- E outra: à esta hora, meu noivo já está encomendando um jantar especial para nós. Sushi, pizza ou comida chinesa... Como toda sexta-feira...
Neste momento, enquanto eu olhava fixamente para a mensagem, o celular tocou. Eu levei um susto e acabei por derrubá-lo no chão. Ele caiu aberto, já atendendo a ligação, sem que eu visse quem era.
- Alô! - digo com a voz meio trêmula, como se o coração estivesse na garganta.
- Oi vida! Tudo bem?
Meu noivo.
- Tudo e você?
- Estou bem! Só estou ligando para avisar que não vou voltar cedo para casa hoje. Marquei de ir num bar, fazer um happy hour com os amigos do trabalho.
- E-Está bem...
- Tudo bem mesmo? Então tá bom! Beijos! Amo você!
Eu também o amo. Tinha acabado de pensar nisso, inclusive. Mas de repente, tudo mudou. Não que eu me importe que ele saia com os amigos. Mas enquanto isso, eu iria para casa, passar a noite sozinha...
Pensei sobre isso a tarde toda. Mas não respondi às mensagens, nem recebi mais nenhuma.
Acabou o expediente. Entrei no carro. Respirei fundo. Saí do prédio. Andei pelo centro. O coração saltava dentro do peito. Parei na frente do hotel...
"Estou aqui", enviar.
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